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sábado, 20 de junho de 2015

A nova Dinastia Real do Reino-Unido



Muitas pessoas estão comentando, de forma leve e despreocupada, que em algum tempo Sua Alteza Real o Príncipe Charles, Príncipe de Gales, irá suceder à sua mãe na condição de Monarca do Reino-Unido. Muitas pessoas não se dão conta de que esta mudança não acarretará apenas na passagem da Coroa de uma geração para a outra, esta mudança é muito mais profunda, pois será a transição da Casa Real de Saxe-Coburg-Gotha, que reina sob a Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda desde 1901, para a Casa Real de Oldenburgo, que reina sob a Dinamarca desde 1448, mas que também já reinou sob a Grécia, Noruega e Suécia. 

Lado-a-lado mãe e filho: Elizabeth II: o último membro da Casa de Saxe-Coburg-Gotha; Charles: o primeiro membro da Casa de Oldenburg


E agora muitas pessoas dirão "mas como pode ocorrer uma mudança na Casa Real, se Charles é filho de Elizabeth II?" Tudo isso é devido às leis da genética, que regem a todos, plebeus ou Nobres. Charles, por ser homem, possui em seu DNA (ou ADN, se o leitor for de Portugal) cromossomos em par "XY", já as mulheres possuem cromossomos "XX". Isto quer dizer que o cromossomo "Y" é eminentemente masculino, e somente um homem pode transmiti-lo a outro, e desta forma o cromossomo "Y" é chamado de cromossomo da hereditariedade. Desta forma, pela análise do cromossomo "Y" podemos distinguir geneticamente toda a cadeia de gerações masculinas de um homem. 

Príncipe Philipp da Grécia e Dinamarca: pai de Charles. Membro da Casa de Oldenburg


Como ocorre com todos os homens, o cromossomo "Y" de Charles foi-lhe passado por seu pai, que é o Príncipe Philipp de Olbenburgo, nascido Príncipe Real da Grécia e da Dinamarca, e desta forma, a Linhagem de Charles é de um Oldenburgo, mais precisamente, de um Oldenburgo-Scheswig-Holstein-Glücksburg, que é o nome completo da Linha a qual o pai de Charles faz parte (mas que para aqui resumirmos será apenas chamada de "Oldenburgo"). 

Grandes Armas dos Saxe-Coburg-Gotha


Mas que mudanças esta transição real poderá causar no Reino-Unido? Na vida prática das pessoas comuns muito pouco irá mudar, porém nos Altos Círculos esta deve ser uma mudança que será sentida ao longo prazo. A atual Casa Real do Reino-Unido, que passou a ser oficialmente chamada de "Casa de Windsor" em 1917, tem na verdade o nome de Casa de Saxe-Coburg-Gotha, uma vez que a Rainha Vitoria I, que era proveniente da Casa de Hannôver, casou-se com o príncipe alemão Albert von Saxe-Coburg-Gotha. Saxe-Coburg-Gotha foi um pequeno Ducado Alemão que existiu até 1918, quando foi abolido, junto com todos os demais Principados e Reinos alemães.

Armas da Casa de Oldenburgo-Scheswig-Holstein-Glücksburg


Os Oldenburgo-Scheswig-Holstein-Glücksburg apesar de serem conhecidos por terem reinado sob a Dinamarca, Suécia, Noruega e Grécia, também tiveram sua origem na Alemanha, mais precisamente nos Ducados de Scheswing e Holstein, que foram seus domínio até 1864, quando foram anexados pelos Reis da Prússia. 

Culturalmente os ingleses se acostumaram muito aos Coburgo como seus Reis, já que, de 1901 até hoje, cinco Soberanos desta Dinastia possuíram a Coroa de Santo Eduardo, a saber: Eduardo VII (1901-1910), Jorge V (1910-1936), Eduardo VIII (1936), Jorge VI (1936-1952), Elizabeth II (desde 1952). Esta é, sem dúvida, uma mudança profunda para os admiradores da Monarquia Britânica.

Armas Dinásticas dos Coburgo como Casa Real do Reino-Unido.


Porém esta mesma Monarquia, tão acostumada a ser vista como a mais importante do mundo, possui uma peculiaridade: nunca ter tido uma Casa Real verdadeiramente inglesa. Senão vejamos:

A Monarquia Inglesa teve início 1066, com a Casa da Normandia, que tinha origem francesa, e reinou até 1135, passando-se então para a Casa de Blois, também de origem francesa, que reinou até 1154. A Coroa passou então para a Casa de Plantageneta, que como as anteriores, também era de origem francesa, e reinou até 1485 (por seus ramos de Lancaster e York desde 1399). A Casa que se seguiu foi a de Tudor, que seria a que mais próximo se chegaria de uma Dinastia genuinamente inglesa, se não fosse o fato de que eram também um sub-ramo (embora bastardo) da Casa Plantageneta. Os Tudor reinaram até 1603, quando foram sucedidos pela Casa de Stuart, de origem escocesa, que reinou até 1649, e depois novamente até 1714. 

Armas dos Hannover, primeira Casa Real alemã a reinar sob o Reino-Unido, bem como a mais duradoura


Após a morte de Ana I Stuart, a Coroa passou então para a Casa Principesca alemã dos Hannover, e iniciou-se assim uma nova e longa tradição, de que todos as Casas Reais que se sucedessem na Coroa Britânica seriam alemãs. Assim os Hannover reinaram de 1714 até 1901, quando foram sucedidos pelos também alemães Saxe-Coburg-Gotha, que reinam até o dia de hoje, e serão sucedidos pelos Oldenburgo-Scheswig-Holstein-Glücksburg, que  reinarão a partir de Charles, passando por William e George. 

Futuras Armas Dinásticas do Oldenburg, como Reis do Reino-Unido.


Verdadeiramente não se sabe quais mudanças aguardam a Monarquia Britânica com sua nova Casa Real, apenas uma coisa é certa, que os Oldenburgo reinarão sob o Reino-Unido e sua Comunidade de Nações por, pelo menos, três gerações. Só nos resta uma pergunta: Qual Casa Principesca alemã, futuramente, os sucederá? 


Por: Sua Alteza Sereníssima o Príncipe Andre III Trivulzio-Galli.

O autor é Membro e atual Chefe da Casa Principesca de Mesolcina-Hinterrhein (14º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico, 18º Conde Imperial de Hinterrhein), que reinou sob partes da Suíça e Itália de 1302 até 1860 (Casa Principesca de Trivulzio-Galli), bem como estudioso de História, Genealogia, Heráldica e Direito.  

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Como a Nobreza Alemã substituiu a Nobreza Italiana como referencial de nobreza

Por:
Sua Alteza Sereníssima
o Príncipe Andre III Trivulzio-Galli, 14º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico, 18º Conde Imperial de Hinterrhein.

Poucas coisas tinham o caráter de unir a Nobreza Europeia, mas uma delas sempre foi o chamado "Referencial Cultural". Esta espécie de "bússola" da Nobreza, sempre teve o caráter de mostrar qual seria o padrão a ser seguido pela Nobreza, quer em nomes, títulos ou comportamentos.

Quando nos referimos a "Nobreza Europeia", nos referimos na verdade a Nobreza "Centro"-Europeia, ou mais precisamente, à Nobreza daqueles países que estavam abaixo da Águia do Sacro Império Romano-Germânico. 

Esta Nobreza, espalhada em centenas de Principados, Condados, Baronatos, Ducados, Reinos, Eleitorados, Bispados e demais Feudos, separada por milhares de quilômetros, era unida porém em uma única coisa, o Referencial Cultural, que ditava a moda em todas as Cortes Principescas daquele vasto e Santo Império. 

Príncipe Antonio VIII Trivulzio-Galli, 5º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico, com as insígnias da Ordem do Tosão de Ouro, exemplo de Príncipe Italiano do século XVIII.


Desde a Fundação do "Novo" Império Romano, na pessoa de Carlos Magno no ano 800, o Referencial Cultural era aquele italiano. A melhor Nobreza era a italiana, as melhores cidades eram aquelas da Itália, a melhor língua, o latim. Tudo de bom, e de cultural era italiano. Neste período, era a Capital da Fé a italiana Roma, a Capital da Cultura, a italiana Florença, e a Capital da Europa, a italiana Milão. Milão, tão importante que era, era tida como a Capital Moral do Império. Cidade de tamanha importância, que os próprios Imperadores concederam o privilégio único de possuir um Senado. 

Neste período, as principais famílias alemãs procuraram "lançar" suas raízes nas antigas Famílias Nobres Italianas. Os Condes von Taxis buscaram desesperadamente conseguir traçar sua genealogia até atingirem a Casa Italiana dos della Torre, que governou Milão antes dos Visconti. Quando o conseguiram, buscaram a aprovação imperial para usarem o nome de "della Torre e Tasso", e com este nome, chegaram ao posto de Príncipes Imperiais em 1676.



A própria Casa dos Eleitores alemãs de Hannover, que governaram a Grã-Bretanha e seu vasto Império Colonial, tiveram de buscar demonstrar que eram descendentes da família italiana D'Est, que era a família Ducal de Módena, pois sabiam que jamais seriam aceitos como parte da Alta Nobreza, caso não fossem descendentes de italianos. 

Não pode ser dado exemplo maior do que o fato de que o próprio nome da Família Cesar, que deu os primeiros Imperadores à Roma Antiga, dos quais os Sacro Imperadores eram "Sucessores" passou a ser utilizado para designar os próprios Imperadores Alemães, que se intitularam "Kaiser" ("Cesar", em alemão), sendo que até mesmo a Corte Imperial era chamada de "Corte Cesárea". 

Os próprios títulos utilizados pelos Príncipes, soavam melhor quando utilizados em língua italiana. Apesar de ser mais fácil a denominação de "Fürst", soava melhor os príncipes serem chamados por "Principe Titolare", termo italiano utilizado pelos Chefes das Famílias Principescas. Os casamentos de maior renome eram aqueles realizados com as filhas dos Condes ou Príncipes italianos. A própria família dos Príncipes de Mônaco, buscaram "reviver" seu sobrenome italiano Grimaldi, para assim demonstrarem sua importância, e conseguirem um casamento com os Príncipes de Mesolcina da Casa italiana dos Trivulzio. 

Napoleão I. Óleo sobre tela de Luís Camilo Alves.


Tudo isto mudou, porém, com o advento de Napoleão I, que pôs fim ao Sacro Império. A partir de 1806, uma lenta e gradativa mudança no padrão cultura fez com que as famílias alemãs se sobrepusessem às famílias italianas. Neste período, que dura até nossos dias, o nascente "patriotismo alemão", fonte para depois a formação do nazismo, fez com que as antigas famílias principescas buscassem "germanizar" seus nomes e costumes. Assim, os Príncipes della Torre e Tasso, passaram a serem chamados de Príncipes von Thurn und Taxis; os Condes della Torre e Val Sassina, passaram a serem designado por Condes von Thurn und Valssassina, e assim por diante. 

Todos estes fatores de mudança no "Referencial Cultural" passaram a ter por base o maior elemento de germanização da Nobreza Europeia: o Almanach de Gotha. Este "anuário genealógico", cuja grande missão foi a de fazer a Nobreza luterana alemã se tornar mais importante que a Nobreza Católica italiana, passou a listar as famílias alemãs como mais importante que as família italianas. Assim, um simples Conde não Soberano alemão, passou a ser mais bem visto do que um Príncipe Soberano italiano, austríaco ou polaco. 

Armas da Casa alemã e luterana dos Reis da Prússia, que substituíram os Católicos Habsburgo no período do Referencial Cultural alemão.


Não foi outro, se não o Almanach de Gotha, o responsável por perverter o Referencial Cultural da Europa, fazendo com que muitas Casas da Alta Nobreza de países como Portugal, Espanha, França e Inglaterra, buscassem casamentos com famílias de baixa nobreza alemã, na esperança de assim terem uma boa "colocação" no Almanach de Gotha. 

Nestas duas imagens abaixo, pode-se ilustrar totalmente a mudança no "Referencial Cultural" exposto assima:

Na primeira:

O período italiano: na contracapa do Almanach de Gotha, edição de 1781, vemos uma figura feminina com uma Coroa Principesca, representando à Itália, ela segura um escudo com as Armas dos Habsburgo-Lorena, e acima de sua cabeça os brasões do Ducado de Milão, do Grão-Ducado da Toscana, da República de Gênova, e de outras cidades italianas. 


Na segunda:

O período alemão: na contracapa do Almanach de Gotha de 1807, vemos uma figura feminina, com um capacete militar, representando à Alemanha, ela segura um escudo com as Armas da Casa de Wettin, e de outros Príncipes Alemães. Na alegoria, não há mais referências à Itália, somente à Alemanha.
      

terça-feira, 21 de abril de 2015

1º Edição da Revista do Almanach do Stemmario Trivulziano

Recebemos a primeira Edição da Revista do Almanach do Stemmario Trivulziano. O Stemmario Trivulziano, tradicional publicação da Casa Principesca de Mesolcina-Hinterrhein (Casa de Trivulzio-Galli) é o mais antigo Stemmario (livro Armorial, de Brasões de Armas) italiano, sendo que sua primeira edição data de 1460.

Com o passar das gerações o Stemmario Trivulziano passou a publicar também as genealogias das principais Casas da Realeza e Nobreza Europeia, nascia assim o Almanach do Stemmario Trivulziano, cuja página oficial em língua portuguesa é esta: http://trivulziano.blogspot.com.br/

Agora, por iniciativa de Sua Alteza Sereníssima o Príncipe Andre III Trivulzio-Galli, 14º Príncipe de Mesolcina e do Sacro Império Romano-Germânico, passará a ser publicado, em formato digital, a Revista do Stemmario do Almanach Trivulziano, que tratará de assuntos como a Heráldica, Genealogia, História e Cultura.

Segue a primeira Edição:
 


sábado, 28 de março de 2015

Castelos do Brasil



Muitas pessoas não sabem, mas o Brasil possui em seu imenso território numerosos Castelos, que foram e estão sendo construído desde a fundação deste país pelos portugueses em 1500, até nossos dias.

Muitas pessoas desconhecem esta realidade, e ainda afirmam que o Brasil não possui nem um único castelo “verdadeiro”. Para sanar as dúvidas destas pessoas iniciaremos uma série de postagens intituladas de “Castelos do Brasil”, onde iremos contar um pouco da história dos principais Castelos Brasileiros.

Ao contrário do que muitos pensam, Castelos não foram apenas construídos no Período Medieval. Os primeiros Castelos surgiram com a finalidade de defesa, quando após o fim do primeiro Império Romano do Ocidente (que seria depois Restaurado pelo Beato Imperador Carlos Magno), os Senhores de Terras da Península Itálica cercaram de altos muros as suas Villas de campo, com a finalidade de impedir a invasão. Os camponeses, que a partir desta data sediam os seus direitos sobre as suas pequenas propriedades para o Senhor local, e em troca ganhavam a sua proteção militar, passaram a buscar refúgio nestes primeiros Castelos quando do perigo de invasão.

O período das construção dos Castelos durou até o ano de 1914, quando após o fim da I Guerra Mundial a maioria das Monarquia Europeias foram abolidas, e as famílias Nobres perderam o interesse na Construção de Castelos.

Nada impede, porém, que Castelos sejam construídos em nossos dias. O que define um prédio como um Castelo é que este seja construído seguindo alguns princípios arquitetônicos. O Castelo pode ser construído em qualquer um dos seguintes estilos:

- Neoromantismo: Estilo arquitetônico em que prevalecem as linhas do período romântico. Neste estilo o que prevalece é o amor pela plena convivência entre a civilização e a natureza.
- Neogótico: Estilo arquitetônico em que prevalecem as linhas do Gótico. A principal inspiração para estes Castelos são os Castelos alemães dos século XV, bem como os prédios e palácios ingleses do período Tudor.
-Neogótico-Decorado: Estilo arquitetônico em que prevalecem as linhas do Gótico. A principal inspiração para estes Castelos são os Castelos e palácios franceses dos séculos XIII ao XVII
- Neorenascentista: Estilo arquitetônico em que prevalecem as linhas da Renascença. A inspiração destes Castelos é geralmente os Palácios italianos do Renascimento.
- Neobarroco: Estilo arquitetônico em que prevalecem as linhas do Barroco. A principal inspiração para estes Castelos são geralmente os Palácios Italianos do século XVII.  
- Neoclássico: Estilo arquitetônico em que prevalecem as linhas A principal inspiração para estes Castelos são geralmente os Palácios Italianos do século XVIII e XIX.  
- Misto: Estilo em que se combinam, de forma harmônica, dois ou mais estilos que foram acima listados.

Alguns exemplos de Castelos brasileiros: 

 Castelo do Batel, Curitiba, Paraná. Castelo construído em estilo Misto, com influência do Neobarroco e do Neoclássico.


Castelo Alto do Bronze, Porto Alegre, Brasil. Castelo construído em estilo Neogótico.


Castelo de Itaipava, Petrópolis, Rio de Janeiro. Castelo construído em estilo Misto, com influência do Neogótico e do Neorenascentista.


Castelo da ilha Fiscal, Rio de Janeiro, RJ. Castelo em estilo Misto, com influência do Neogótico e do Neogótico-Decorado.


Castelo e Basílica de Nossa Senhora do Rosário, São Paulo, SP. Castelo em estilo Neogótico-Decorado (ainda está em construção)

sexta-feira, 20 de março de 2015

A Maldição dos Farnese, fonte do "azar no amor" de muitos Príncipes?


Todos os assíduos leitores deste Blog de Cavalaria, já conhecem o modo de escrever que prevalece neste site: Uma escrita crítica, um pouco ácida, e sobretudo, impessoal; porém hoje me toca (isto mesmo, estou por hora abrindo mão do "Nós" para falar em primeira pessoa), escrever de modo mais direto, já que falarei sobre um tema extremamente delicado: A Maldição Farnesiana.

A falta de habilidade de muitos Príncipes para o amor (príncipes estes que de "encantados" nunca tiveram nada) passou a ser explicada por meio de lendas, que justificavam por meio do sobrenatural algo que um psicólogo mediano explicaria de forma bem diferente. Passou-se assim, por meio de lendas e maldições, a se explicar a maior parte dos fracassos sentimentais da aristocracia.

Assim, praticamente cada Dinastia que algum dia reinou sobre um palmo de terra que fosse, passou a ser acompanhada, aos olhos do povo, por alguma maldição indissolúvel, que os impediria de encontrarem a felicidade. Os Grimaldi, que reinavam e ainda reinam sobre o Principado de Mônaco, passaram a serem amaldiçoados, uma vez que Rainier I, Chefe da Dinastia, sequestrou e violentou uma moça, que lhe rogou a seguinte maldição: "Nunca um Grimaldi encontrará verdadeira felicidade no casamento." Nascia assim a Maldição dos Grimaldi.

Casamento de Vincenzo Gonzaga e Maria Eleonoroa de Médicis

Com os Gonzaga não foi diferente: Afirma antiga lenda que Vincenzo I Gonzaga, Duque de Mântua, casou-se com Margarida Farnese, filha do Duque de Parma Alexandre Farnese (cuja "Maldição Farnesiana" veremos na sequência), mas que deste casamento não nasceu nenhum filho. Indignado, o Duque de Mântua passou a submeter a aristocrata esposa a grande sorte de humilhações perante toda a Corte de seu principado, para forçar há uma anulação de seu matrimônio. A anulação não demorou a chegar, mas a esposa repudiada, ao saber que o marido já planejava casar-se com a Princesa Maria Eleonora de' Medici, desejou que aquela família se extinguisse na próxima geração, e que seus varões não pudessem, nem quisessem ter filhos. Realmente não demorou, pois após a morte de Vincenzo I, quem lhe sucedeu foi seu filho Francesco IV Gonzaga, que não teve filhos, sendo sucedido por seu irmão Fernando I, que também não teve filhos, que finalmente foi sucedido por seu irmão mais novo, Vincenzo II, que morreu sem ter filhos, pondo fim a Dinastia dos Gonzaga justamente em uma geração após Vincenzo I. Foi a Maldição dos Gonzaga. 

Papa Paulo III Farnese

Finalmente a Maldição Farnesiana, a mais famosa, quiçá por ser repleta de personagens ilustres, quiçá por ainda estar, teoricamente, em pleno funcionamento. 

Como todos sabem, a Dinastia dos Farnese tornou-se famosa por ter ganhado notoriedade pelo Papa Paulo III Fanese, nascido Alessandro Farnese, foi educado na Corte Pontifícia do Papa Alexandre VI Borgia, de quem aprendeu os mais "distintos" métodos, uma vez que sua irmã Giulia Farnese foi a principal amante do Papa Alexandre VI. 

Ainda Cardeal, Alessandro Farnese passou a ter uma vida quase "marital" com a jovem da alta Nobreza Romana Silvia Ruffini, com quem teve ao menos quatro filhos: 
- Costanza Farnese (1500-1545)
- Pier Luigi II (1503 - 1547) que veio a ser o 1.º duque de Castro e 1.º duque de Parma;

- Paolo Farnese (1504 - 1513);

- Ranuccio Farnese (1509 - 1529).

Papa Paulo III e seus filhos: o início da Maldição Farnesiana

Alessandro Farnese não foi de longe o primeiro Cardeal a ter filhos, mas foi o primeiro que escandalizou à Europa com os "favores" prestados aos filhos. Após Eleito Papa, reinando com o nome de Paulo III, tratou logo de enriquecer a Família Farnese, tirando dos Estados Papais enormes extensões de terras, que passaram a constituir os Ducados de Parma e de Castro, e os doando em seguida para seu filho mais velho. 

Não satisfeito com as doações Papais/paternas, Pier Luigi II Farnese aliou-se ao Sacro Imperador Carlos V no chamado Saque de Roma, quando as tropas Imperiais atacaram e saquearam a Cidade de Roma, lhe roubando os maiores tesouros. 

Indignados pela falta de ação de Paulo III, os Cardeais da Cúria Romana se reuniram e, na presença do Papa, rogaram uma praga, que atingiria a Pier Luigi II Farnese e a todos os seus descendentes: "da mesma forma que o Papa Paulo III Farnese foi feliz no amor, e que desta felicidade nasceu a ruína da Igreja, NENHUM dos descendentes de Pier Luigi Farnese conheceriam a felicidade nos assuntos do amor". 

Tanto Paulo III, como Pier Luigi, pouca importância deram à maldição. Pouco depois em 1547, durante uma conspiração nobiliárquica, Pier Luigi II Farnese foi enforcado numa janela do seu palácio em Piacenza. O representante de Carlos V, Ferrante Gonzaga, ocupou o Ducado embora posteriores mudanças fizeram com que o ducado fosse devolvido a Ottavio Farnese, filho de Pier Luigi II Farnese, em 1551.

Pier Luigi II Farnese foi seguido como Duque de Parma por seu segundo filho, Ottavio I Farnese, que foi forçado a casar com Margarida da Áustria, filha do Imperador Carlos V, o mesmo que havia feito matar seu pai poucos anos antes. O casamento foi um fracasso, e o sogro imperial várias vezes tentou matar Ottavio I, que vingou-se do sogro por meio da esposa, tendo uma série de filhos ilegítimos com mulheres da Nobreza Romana, tal qual seu avô, o Papa Paulo III havia feito. Uma destas filhas, Ersilia Farnese (1565-1596) foi dada em casamento ao Conde Renato Borromeo, Conde de Arona (da mesma família Borromeo da qual veio São Carlos Borromeo). Deste casamento nasceu Giustina Farnese-Borromeo, que foi dada em casamento ao Príncipe Francesco I Galli, Duque de Alvito, Conde del Trè Pievi e Marquês de Scaldasole. 

Francesco I desconhecia a Maldição dos Farnese, que sua esposa era portadora, mas suas descendência logo ficaria marcada. Sua primeira filha, Partenia Farnese Borromeo Galli, casar-se-ia três vezes, e três vezes ficaria viúva sem ter filhos. Seu filho Tolomeo III Galli se casaria com Ottavia Grimaldi Trivulzio (de onde surgiria a Casa de Trivulzio-Galli), e logo a Casa de Trivulzio seria extinta. 

Após pouco tempo a Casa de Farnese deixou de existir, assim como a maior parte dos ramos da Casa de Galli. Outro ramo dos Farnese é a Casa Real da Espanha, que bem sabemos o quanto possui casamentos tristes e arruinados.