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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

São Luís IX, Rei da França e a Sacra Milícia de Jesus Cristo e de Santa Maria


Hoje é dia de São Luís IX, Rei da França e Conde de Artois. Este importante Santo da Igreja foi um dos maiores defensores dos Cristãos perseguidos pelos muçulmanos, chegando a liderar a VII Cruzada contra estes infiéis.

São Luís IX foi o responsável por trazer do Oriente para a Europa a Sacra Coroa de Espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Este Sacratíssimo objeto foi adquirido pelo Rei Santo pela altíssima soma de 135 mil libras de ouro (um valor tão alto que poderia ser utilizado para erguer pelo menos 4 castelos de médio porte!). Também São Luís comprou do Imperador Balduíno II (que lhe havia vendido a Sacra Coroa), um pedaço da Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.


Após São Luís IX levar os santos objetos do Martírio de Nosso Senhor para Paris, construiu para os guardar uma belíssima capela, em estilo gótico alto decorado. Esta magnífica capela foi construída pela alta soma de 60 mil libras de ouro, que apesar de ser um alto valor para a época, foi apenas a metade do valor da Sacra Coroa.

São Luís necessitava de uma guarda fiel, que pudesse manter em segurança os Sacros Objetos. Manteve então contato com o Beato Bartolomeo de Breganze, Bispo de Vicenza (Itália), que nesta época era o Grão-Mestre da Ordem da Milícia de Jesus Cristo e de Santa Maria Gloriosa. Os Santos haviam se conhecido em plena Cruzada, uma vez que o Beato Bartolomeo havia sido designado Delegado Papal para Jerusalém no período em que São Luís lá esteve. 

Nascia assim uma eterna aliança entre a Milícia de Jesus Cristo e o Rei São Luís. A Ordem designou um grupo de Cavaleiros Professos, todos de origem e Sangue Nobre italiano, que seriam os responsáveis por manter a segurança da Sacra Coroa. Este grupo passou a ser conhecido como "Sacra Milícia", uma vez que eram os responsáveis pela segurança dos objetos da Paixão de Nosso Senhor. 


Os Cavaleiros que faziam a Guarda da Sacra Coroa utilizavam como adereço próprio um grande colar, feito em ouro maciço, formado por círculos onde encontrava-se a representação da Sacra Coroa, e pela dupla Flor-de-Lis, símbolo de São Luís. Até hoje este Colar é utilizado, com poucas modificações, pelos Cavaleiros do Grão-Colar da Ordem.  

Mosaico de mármore, que se encontra na Igreja della Sacra Corona, em Vicenza, onde monstra São Luís IX entregando o Espinho da Sacra Coroa ao Bem-Aventurado Bartolomeo de Breganze.

O Rei Santo, em prova de sua lealdade, deu ao Bem-Aventurado Grão-Mestre da Sacra Milícia um dos Preciosíssimos Espinhos da Sacra Coroa. Este espinho é até hoje guardado na magnífica Basílica construída pela Ordem para este fim na cidade de Vicenza, antiga Sede da Ordem. Também foram dado pelo Santo Rei um pequeno fragmento da Santa Cruz. Até hoje esta Relíquia é guardada pela Casa Principesca de Trivulzio-Galli, Grão-Mestres Hereditários da Ordem desde 1565.


O Bem-Aventurado Bartolomeo de Vicenza Investiu o Rei São Luís como Cavaleiro da Sacra Milícia de Jesus Cristo e de Santa Maria Gloriosa, sendo que, o Santo Rei foi sepultado com a Cruz Branca, antigo símbolo da Ordem. 

sábado, 2 de agosto de 2014

Relações Feudais

Fiéis Leitores do Blog de Cavalaria, o texto desta semana, nos remete a um dos mais importantes mistos de pacto social e juramento religioso que já existiu, o chamado PACTO FEUDAL.


O Pacto Feudal surgiu no início do Medievo, quando após a Primeira Queda do Império Romano no século V, os proprietários de terras da península itálica (antigos Senhores, provenientes da classe senatorial romana), passaram a receber as propriedades de seus vizinhos, em troca de proteção contra os bárbaros vindos do Norte; esta troca, era chamada de PACTUM. Logo, este Pacto de proteção passou a ser oferecida aos simples trabalhadores, que, em troca de seu trabalho nas terras do senhor, passaram a receber proteção e abrigo. Nascia assim o SISTEMA FEUDAL.    

Com o Bem-Aventurado Carlo I, chamado de O Magno (“O Grande”) ressurgiu no ano 800 o Império Romano do Ocidente, que duraria mais exatos 1006 anos. Com a volta deste Santo Império, Carlos Magno e toda a sua Dinastia, chamada de Carolíngia, da qual a Casa Principesca de Trivulzio-Galli constitui o último ramo masculino direto existente, passaram a adotar o sistema de Pactos oriundos da Itália, sendo que os Feudos Carolíngios foram distribuídos primeiramente entre os filhos e netos de Carlos I, depois aos seus Generais e Capitães, e depois aos seus valentes soldados. Era o início do Nobreza Medieval.



Estes senhores passaram a receber títulos que indicavam a sua posição dentro do Sacro Império Romano, os Senhores de pequenos Feudos foram chamados de Barões, palavra proveniente do alemão, onde é escrita como Freiherr, que quer dizer literalmente Senhor Livre (Frei= Livre/ Herr= Senhor). Os Senhores de feudos maiores passaram a ser designados Condes, palavra proveniente do Latim Comites, que eram os companheiros de guerra mais próximos do Imperador. Os Condes, cujo feudo ficava na fronteira do Sacro Império com as nações bárbaras, locais designados como “Marcas” passaram a ser designados Marqueses, palavra proveniente do alemão Markgraf, que quer dizer literalmente “Conde das Marcas”. Já os senhores de grandes extensões de terras, passaram a ser titulados de Duques, palavra proveniente do Latim “Dux”, ou sejam “Aquele que Conduz, Dirigente”.


Os Pactos Feudais, também chamados de Pactos de Vassalagem, passaram então a ocorrer da seguinte forma: O Imperador empossava os grandes Senhores, Duques, Marqueses ou Condes, que se tornavam então VASSALOS do Imperador e estes, podiam então empossar outros Vassalos em seus domínios, que podiam também empossar novos vassalos, e assim por diante; em uma pirâmide de vassalos, cujo maior Suserano era o Imperador, que devia obediência somente ao Papa.

Com o passar do tempo, os Senhores Feudais que eram Vassalos somente do Sacro Imperador, passaram a ser chamados de PRÍNCIPES, palavra latina que se escreve originalmente como PRINCEPS, e que quer dizer literalmente “o Primeiro”. Isto é devido pois os Príncipes eram os primeiros Vassalos do Imperador de Roma. Estes Príncipes passaram a ser chamados de Altezas e Sereníssimos, isso pois eram os mais Altos entre os Vassalos do Imperador, e a Serenidade que portavam vinha diretamente da Graça de Deus.


Os Príncipes podiam Investir vassalos em seus Feudos, chamados de Principados. Estes Vassalos dos Príncipes podiam ser intitulados como Condes, ou Barões, dependendo o caso. Também os Príncipes, na qualidade de Vassalos Direitos do Imperador, podiam investir Cavaleiros de suas Milícias particulares, que tinham a função de manter a ordem interna no Feudo, e em lutar exteriormente em nome de Sua Alteza.   

O Pacto Feudal que unia então os Príncipes a seus Vassalos era o de que o Príncipe concederia de início terras e títulos, e depois somente títulos, a um de seus vassalos, e este deveria lhe pagar uma alta quantia em dinheiro que fosse especificada, e sempre deveria prestar ao Príncipe os serviços e favores que lhe fossem ordenados. Em troca o Príncipe acolheria o novo Conde ou Barão em seu serviço, lhe emprestando fama e prestígio.



Atualmente os Príncipes do Sacrossanto Império Romano-Germânico, continuam a manter suas cortes particulares, concedendo esporadicamente títulos de Condes, Barões ou Cavaleiros, porém deve-se sempre ter a noção de que os Príncipes CONCEDEM os títulos, ou seja, a PROPRIEDADE do título, sempre permanece nas mãos do Concedente, ou seja, o Príncipe. O Concessionário somente tem o uso e o gozo do título. Mesmo em caso dos títulos hereditários, os Príncipes Concedentes apenas passam, de pai para filho, a condição de concessionários de um título de nobreza, e não a de proprietários deste título.


Assim, é plenamente possível que um Príncipe revogue qualquer concessão de título que tenha feito, independente de qualquer contrapartida que tenha recebido, uma vez que o que o titular tem é mera posse de uma propriedade imaterial de uma Casa Principesca. Por este motivo aconselhamos sempre que, quando um Príncipe solicita que um Barão ou Conde de sua Corte faça algo, é melhor que este o faça o mais breve possível, pois o proprietário sempre pode reclamar sua propriedade de volta, e no direito nobiliar não se aceita o “usucapião de títulos nobres”.  

Boa tarde a todos.

Andre III Trivulzio-Galli,
14º Príncipe Titular de Mesolcina e do Sacrossanto Império Romano-Germânico.