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terça-feira, 27 de março de 2012

Missa de Investidura do Grão Priorado de Portugal

Porto, 12 de Março de 2012

O Grão Priorado de Portugal viveu mais um dia de glória neste último dia 12, dia em que novos Cavaleiros tomaram parte na Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém. 

Numerosos Blog's e sites referiram-se a este importante acontecimento, e é de se notar que, em todos eles, fora estampado o Brasão do Grão Priorado de Portugal que acima vemos, que é de autoria do Conde Andre Galli, autor deste Blog.

As Autoridades Municipais da Cidade do Porto, lideradas pelo Prefeito Sr. Rui Fernando da Silva Rio realizaram uma cerimônia de recepção aos Membros da Ordem. Em agradecimento, ao Prefeito daquele Município foi dada a Medalha de Mérito do Grão Priorado de Portugal.

                                                       
Início da Cerimônia: Entrada da Bandeira do Grão Priorado de Portugal.

 
Grão Prior luso, Major José Augusto da Silva Duarte, Conde de Montezelos, em seu discurso. É de se notar que o Major não usa o manto (capa), como a hoje utilizamos, e sim utiliza o Hábito Capitular, que até os anos de 1950 era utilizado por todos os Cavaleiros da Ordem. Muito semelhante ao manto, a diferença é que o Hábito é feito inteiro, ou seja, sem a abertura frontal.


O Bispo Dom Abílio Sousa Rivas, Grão Prior Espiritual (Capelão Nacional) de Portugal presidiu a Cerimônia.

Procissão de Entrada dos Lazarista na Igreja do Carmo.

                              
Oração dos Postulantes

Investidura: Em primeiro plano Sua Alteza Imperial e Real o Arquiduque Dom Andre de Habsburgo-Lorena, da Família Imperial e Real da Áustria, Hungria, Croácia... Também assistiu a Cerimônia Sua Alteza Real o Infante Dom Miguel de Bragança, Duque de Viseu, da Família Real Portuguesa.


                   
Sr. Nuno de Pinto Leite, Juiz de Armas do Grão Priorado de Portugal entrega ao Visconde de Portadei, Juiz de Armas do Grão Priorado da Espanha, a Medalha do Real Colégio Nobiliárquico, durante o jantar de gala que seguiu a Missa de Investidura. Ao final do jantar teve início o Baile de Gala.

 

segunda-feira, 26 de março de 2012

Convite Especial

GRÃO PRIORADO DO BRASIL DA
ORDEM MILITAR E HOSPITALAR DE SÃO LÁZARO DE JERUSALÉM
:::Fundado em 1935:::

O Grão Priorado do Brasil da Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém, tem o prazer de convidar a todos para a tradicional MISSA DE INVESTIDURA DOS NOVOS CAVALEIROS, que realizar-se-à no dia 31 de março de 2012, sábado, às 12:00 horas, na Catedral Nossa Senhora do Paraíso dos Greco-Melquitas, na Rua do Paraíso número 21, na Cidade de São Paulo-SP. 

sábado, 24 de março de 2012

Espiritualidade de São Basílio

Chevalier Ivair A. Cantelli, Cavaleiro Comendador
CHANCELER DO GRÃO PRIORADO DO BRASIL DA
ORDEM MILITAR E HOSPITALAR DE SÃO LÁZARO DE JERUSALÉM

 

Espiritualidade

São Basílio e a fé no Espírito Santo
Terceira Pregação de Quaresma do Padre Raniero Cantalamessa
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 23 de março de 2012 (ZENIT.org) - Publicamos o texto da terceira pregação de Quaresma do padre Raniero Cantalamessa, O.F.M.Cap., pregador da Casa Pontifícia, tida nesta manhã na Capela "Redemptoris Mater” no Vaticano.
***

1. A fé termina nas coisas
O filósofo Edmund Husserl resumiu o programa da sua fenomenologia no lema: Zu den Sachen selbst!, dirigir-se para as mesmas coisas, para as coisas como elas realmente são na realidade, antes da conceituação e formulação delas. Outro filósofo, vindo depois dele, Sartre, diz que "as palavras e, com elas, o significado das coisas e os modos do seu uso” são apenas “os sinais sutis de reconhecimento que os homens têm traçado na superfície deles": é necessário superá-los para ter a súbita revelação, que tira o fôlego, da "existência" das coisas (J.-P. Sartre, La Nausea, trad. ital, Milano 1984, p. 193 s, Tradução Portuguesa nossa).
Santo Tomás de Aquino tinha formulado muito antes um princípio análogo em referência às coisas ou aos objetos da fé: "Fides non terminatur ad enunciabile, sed ad rem”: a fé não termina nos enunciados, mas na realidade (Tomas de Aquino, Suma teologica, II-IIae , q. 1,a.2,ad 2.). Os Padres da Igreja são modelos insuperáveis ​​desta fé que não para nas fórmulas, mas vai até a realidade. Tendo passado esta era de ouro dos grandes padres e doutores, vemos quase que imediatamente o que um estudioso do pensamento patrístico define “o triunfo do formalismo" [Cf. G. Prestige, God in Patristic Thought, London 1936, chap. XIII( trd. Ital., Dio nei pensiero dei Padri, Bologna, il Mulino, 1969, pp. 273 ss), Tradução portuguesa nossa]. Conceitos e termos, como substância, pessoa, hipóstase, são analisados ​​e estudados por si mesmos, sem a constante referência à realidade que com eles os criadores do dogma tinham tentado expressar.
Atanásio é talvez o caso mais exemplar de uma fé que está mais preocupada com o conteúdo do que com o seu enunciado. Por algum tempo, depois do Concílio de Nicéia, ele parece quase ignorar o termo homousios, consubstancial, embora defendendo com a tenacidade que vimos na última vez o seu conteúdo, ou seja, a plena divindade do Filho e a sua igualdade com o Pai. Também está pronto para acolher termos equivalentes para ele, desde que ficasse claro que se pretendia manter firme a fé de Nicéia. Só mais tarde, quando ele percebeu que aquele termo era o único que não deixava brechas para as heresias, fez cada vez mais uso dele.
Destacamos isto porque conhecemos os danos que causados à comunhão eclesial o fato de dar mais importância ao acordo dos termos do que ao conteúdo da fé. Nos últimos anos tem sido possível restaurar a comunhão com algumas igrejas orientais, as assim chamadas monofisitas, tendo reconhecido que o contraste deles com a fé de Calcedônia estava no significado diferente atribuído aos termos ousia e hipóstase, e não na substância da doutrina. Também o acordo entre a Igreja Católica e a Federação Mundial das Igrejas Luteranas sobre o tema da justificação pela fé, assinado em 1998, mostrou que o conflito secular sobre este ponto estava mais nos termos do que na realidade. As fórmulas, uma vez inventadas, tendem a fossilizar-se, tornando-se bandeiras e sinais partidárias, ao invés de expressões de fé vivida.


2. São Basílio e a divindade do Espírito Santo
Hoje subimos nos ombros de um outro gigante, São Basílio o Grande (329-379), para analisar com ele, uma outra realidade da nossa fé, o Espírito Santo. Veremos em breve como também ele é um modelo da fé que não pára nas fórmulas mas vai até a realidade.
Sobre a divindade do Espírito Santo, Basílio não fala nem a primeira e nem a última palavra, ou seja não é aquele que abre o debate e nem sequer aquele que o conclui. Quem abriu a discussão sobre o estatuto ontológico do Espírito foi Santo Atanásio. Até ele, a doutrina sobre o Paráclito permaneceu na sombra, e entendemos o motivo: naõ era possível definir a posição do Espírito Santo na divindade, antes de ter definido aquela do Filho. Somente se limitava a dizer no símbolo de fé: “e creio no Espírito Santo”, sem outros acréscimos.
Atanásio, nas Cartas a Serapião, inicia o debate que levará à definição da divindade do Espírito Santo no Concílio de Constantinopla em 381. Ensina que o Espírito é plenamente divino, consubstancial com o Pai e com o Filho, que não pertence ao mundo das criaturas, mas ao do criador e a prova, também aqui, é que o seu contato nos santifica, nos diviniza, coisa que não poderia fazer se não fosse ele mesmo Deus.
Eu disse que Basílio não falou nem sequer a última palavra. Ele se abstém de aplicar ao Paráclito o título de "Deus" e aquele de "consubstancial". Afirma claramente a fé na plena divindade do Espírito usando expressões equivalentes, como a igualdade com o Pai e o Filho na adoração (a isotimia), a sua homogeneidade e não heterogeneidade, no que diz respeito a eles. São os termos nos quais a divindade do Espírito Santo foi definida no Concílio Ecumênico de Constantinopla do ano 381 e que constroem o artigo de fé sobre o Espírito Santo que professamos ainda hoje no credo.
Essa atitude prudencial de Basílio, dirigida a não distanciar ainda mais o partido adversário dos Macedonianos, provocou-lhe a crítica de Gregório Nazianzeno que coloca o amigo entre aqueles que tiveram bastante coragem para pensar que o Espírito Santo seja Deus, mas não o bastante para proclamá-lo tal explicitamente. Quebrando todo atraso, ele escreve: "O Espírito é portanto Deus? Certamente! É consubstanciais? Sim, se é verdade que é Deus" (Gregorio Nazianzeno, Oratio 31, 5.10; cf. também Oratio 6: “Até quando esconderemos a lâmpada debaixo do móvel e não proclamaremos em alta voz a plena divindade do Espírito Santo?”).
Se, portanto, Basílio não fala, sobre a teologia do Espírito Santo, nem a primeira nem a última palavra, por que escolher justamente ele como nosso mestre de fé no Paráclito? É que Basílio, como já Atanásio, está mais preocupado pela “coisa” do que pela sua formulação, mais pela plena divindade do Espírito do que pelos termos com os quais expressar essa fé. O que mais lhe interessa, para colocá-lo nos termos de Tomás de Aquino, é a coisa e não a sua enunciação. Ele nos transporta no coração da pessoa e da ação do Espírito Santo.
Basílio tem uma Pneumatologia concreta, vivida, não escolástica, mas “funcional” no sentido mais positivo do termo, e é aquele que a faz particularmente atual e útil para nós hoje. Por causa da conhecida questão do Filioque, a pneumatologia acabou restringindo-se nos séculos, quase que exclusivamente, ao problema do modo da procissão do Espírito Santo: se somente do Pai como dizem os orientais, ou também do Filho, como professam os latinos. Algo da pneumatologia concreta dos Padres foi passada nos tratados sobre "Os Sete Dons do Espírito Santo", mas limitado ao âmbito da santificação pessoal e à vida contemplativa.
O Concílio Vaticano II iniciou uma renovação neste campo, por exemplo, quando passou os carismas da hagiografia, ou seja da vida dos santos, para a eclesiologia, ou seja para a vida da Igreja, falando deles na Lumen Gentium (Cfr. Lumen gentium, 12.). Mas foi apenas um começo; ainda há muito a ser feito para destacar a ação do Espírito Santo em toda a vivência do povo de Deus. Na ocasião do XVI centenário do Concílio Ecumênico de Constantinopla do 381, o Beato João Paulo II escreveu uma carta apostólica na qual entre outras coisas dizia: "Todo o trabalho de renovação da Igreja que o Concílio Vaticano II tão providencialmente propôs e começou ... não pode ser realizado a não ser no Espírito Santo, isto é, com a ajuda da sua luz e da sua força" (João Paulo II. “Em Concílio Costantinopolitano I”, em AAS 73, 1981, p. 521.). Basílio, veremos, será nosso guia neste caminho.


 3. O Espírito Santo na história da salvação e na Igreja
É interessante conhecer a origem do seu tratado sobre o Espírito Santo. Curiosamente está ligada à oração do Gloria Patri. Durante uma liturgia, Basílio tinha pronunciado a doxologia às vezes na forma: "Glória ao Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo”, às vezes sob a forma: "Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo". Esta segunda forma esclarecia mais que a primeira a igualdade das três pessoas, coordenando-as, ao invés de subordiná-las, entre si. Na atmosfera superaquecida das discussões sobre a natureza do Espírito Santo, a coisa provocou protestos e Basílio escreveu a sua obra para justificar as suas ações; na prática, para defender contra os hereges macedonianos a plena divindade do Espírito Santo.
Mas vamos direto ao ponto que faz a doutrina de Basílio especialmente atual: a sua capacidade de destacar a ação do Espírito em cada momento da história da salvação e em cada setor da vida da Igreja. Começa da obra do Espírito na criação.
"Na criação dos seres a causa primeira de tudo o que existe é o Pai, a causa instrumental o Filho, a causa aperfeiçoadora é o Espírito. É pela vontade do Pai que os espíritos criados subsistem; é pela força operativa do Filho que são conduzidos ao ser e pela presença do Espírito que chegam à perfeição... Se tentas tirar o Espírito da criação, todas as coisas se misturarão e a vida delas aparece sem lei, sem ordem, sem qualquer determinação" (Basílio, Sobre o Espírito Santo, XVI, 38 (PG 32, 137B); trad. ital. di E. Cavalcanti, L’esperienza di Dio nei Padri Greci, Roma 1984, Tradução portuguesa nossa).
Santo Ambrósio retomará de Basílio este pensamento tirando dele uma conclusão sugestiva. Referindo-se aos primeiros dois versos do Gênesis (“a terra estava deserta e sem forma e as trevas cobriam o abismo”) ele observa:
"Quando o Espírito começou a pairar sobre isso, o criado não tinha ainda nenhuma beleza. Em vez disso, quando a criação recebeu a operação do Espírito, obteve todo este esplendor de beleza que a fez brilhar como 'mundo' " (Ambrogio, Sobre o Espírito Santo, II, 32.).
Em outras palavras, o Espírito Santo é aquele que faz o criado passar do caos para o cosmos, que faz dele algo belo, ordenado, limpo: um “mundo” (mundus) precisamente,  de acordo com o significado original desta palavra e da palavra grega cosmos. Agora nós sabemos que a ação criadora de Deus não se limita ao instante inicial, como se acreditava na visão deísta ou mecanicista do universo. Deus não “foi” uma vez, mas sempre “é” criador. Isso significa que Espírito Santo é aquele que faz passar o universo, a Igreja e cada pessoa, do caos ao cosmos, ou seja: da desordem à ordem, da confusão à harmonia, da deformidade à beleza, do velho ao novo. Não, é claro, mecanicamente e abruptamente, mas no sentido de que está trabalhando nela e guia a sua evolução para uma finalidade. Ele é aquele que sempre “cria e renova a face da terra” (cf. Sl 104,30).
Isso não significa, explicava Basílio naquele mesmo texto, que o Pai tinha criado algo imperfeito e “caótico” que tinha necessidade de correções; simplesmente, era o plano e a vontade do Pai de criar por meio do Filho e conduzir os seres à perfeição por meio do Espírito.
Da criação o santo Doutor passa a ilustrar a presença do Espírito na obra da redenção:
"No que diz respeito ao plano de salvação (oikonomia) para o homem por obra do nosso grande Deus e salvador Jesus Cristo, estabelecido segundo a vontade de Deus, quem poderia negar que se realiza por meio da graça do Espírito?" (Basílio, Sobre o Espírito Santo, XVI, 39.).
Chegando aqui, Basílio se abandona a uma contemplação da presença do Espírito na vida de Jesus que está entre as passagens mais bonitas da obra e abra à pneumatologia um campo de pesquisa que só recentemente começou a ser reconsiderado (J.D.G.Dunn, Jesus and the Spirit, London 1988.). O Espírito Santo está em ação já no anúncio dos profetas e na preparação para a vinda do Salvador; é pelo seu poder que se realiza a encarnação no seio de Maria; é ele o crisma com o qual Jesus foi ungido por Deus no batismo. Toda obra sua foi realizada com a presença do Espírito. Este "estava presente quando foi tentado pelo diabo, quando fazia milagres, não o deixou quando ressuscitou dos mortos, e no dia da Páscoa o derramou sobre os discípulos (cf. Jo 20, 22 s.). O Paráclito foi "o companheiro inseparável" de Jesus ao longo da sua vida.
Da Vida de Jesus, São Basílio passa a ilustrar a presença do Espírito na Igreja:
"E a organização da Igreja, não é claro e indiscutível que é obra do Espírito? Ele próprio deu à Igreja, diz Paulo, 'em primeiro lugar os apóstolos, depois os profetas, depois os mestres ... Esta ordem está organizada de acordo com a diversidade dos dons do Espírito" (Basilio, Sobre o Espírito Santo, XVI, 39).
Na anáfora que leva o nome de São Basílio - que a nossa atual Oração Eucarística IV tem seguido de perto -, o Espírito Santo tem um lugar central.
A última imagem retrata a presença do Paráclito na escatologia: "Também no momento do evento da esperada manifestação do Senhor aos céus – escreve Basílio – não está ausente o Espírito Santo”. Neste momento haverá, para os salvos, a passagem das “primícias” para a posse plena do Espírito” e para os réprobos a separação definitiva, o corte claro, entre a alma e o Espírito (Ib. XVI, 40.).


4. A alma e o Espírito
São Basílio não fica, porém, com a ação do Espírito na história da salvação e na Igreja. De ascético e  homem espiritual, o seu principal interesse é pela ação do Espírito na vida de cada batizado. Embora ainda sem estabelecer a distinção e a ordem das três vias que se tornarão clássicas mais tarde, ele destaca maravilhosamente a ação do Espírito Santo na purificação da alma do pecado, na sua iluminação e na divinização que ele chama também “intimidade com Deus” (Ib. XIX, 49.).
Só podemos ler a página na qual, em referência constante com as Escrituras, o santo descreve essa ação e deixar-nos conquistar pelo seu entusiamo:
"A relação de familiaridade do Espírito com a alma, não é uma aproximação no espaço – de fato, como poderia aproximar-se o incorpóreo corporalmente? –  mas, em vez disso, consiste na exclusão das paixões, as quais, como consequência da sua atração pela carne, chegam à alma e a separam da união com Deus. Purificados da imundicie da qual tinha se sujado por meio do pecado e voltado para a beleza natural, como tendo restituido à uma imagem real a antiga forma por meio da purificação, só assim é possível aproximar-se do Paráclito. Ele, como um sol, reconhecendo o olho purificado, te mostrará em si mesmo a imagem do invisível. Na beata contemplação da imagem, verás a inefável beleza do arquétipo. Por meio dele se elevam os corações, os fracos são levados pela mão, aqueles que progridem atingem a perfeição. Ele, iluminando aqueles que foram purificados de toda mancha, torna-os espirituais através da comunhão com ele. E como os corpos claros e transparentes, quando um raio os atinge, tornam-se eles próprios brilhantes e refletem um outro raio, assim as almas portadoras do Espírito são iluminadas pelo Espírito; elas mesmas se tornam plenamente espirituais e transmitem aos outros a graça. Daqui vem a presciência das coisas futuras; a compreensão dos mistérios; a percepção das coisas ocultas; as distribuições dos carimas, a cidadania celeste; a dança com os anjos; a alegria sem fim; a permanência em Deus; a semelhança com Deus; o cumprimento dos desejos: tornar-se Deus” (Ib. IX,23.)
Não foi difícil para os estudiosos descobrir por detrás do texto de Basílio imagens e conceitos derivados da Enéade de Plotino e falar, a este respeito, de uma infiltração estranha no corpo do cristianismo. Na verdade, trata-se de um tema puramente bíblico e paulino que se expressa, como era correto, em termos familiares e significativos para a cultura do tempo. Na base de tudo Basílio não coloca a ação do homem – a contemplação – , mas a ação de Deus e a imitação de Cristo. Estamos na antítese da visão de Plotino e de toda filosofia. Tudo, para ele, começa com o batismo que é um novo nascimento. O ato decisivo não está no fim mas no início do caminho:
"Como na corrida dupla dos estados, uma parada e um descanso separam os caminhos em sentidos opostos, assim também na mudança de vida é necessário que uma morte se coloque no meio das duas vidas para colocar fim ao que precede e para começar as coisas sucessivas. Como conseguir descer aos infernos? Imitando a sepultura de Cristo por meio do batismo" (Ib. XV,35.).
O esquema básico é o mesmo de Paulo. No capítulo sexto da Carta aos Romanos o Apóstolo fala da purificação radical do pecado que acontece no batismo e no capítulo oitavo descreve a luta que, sustentado pelo Espírito, o cristão deve levar pelo resto da sua existência, contra os desejos da carne, para avançar na vida nova:
"Os que vivem de acordo com a carne aspiram às coisas da carne; mas os que vivem de acordo com o Espírito aspiram às coisas do Espírito. De fato, a carne aspira ao que conduz à morte; mas o Espírito aspira ao que dá vida e paz. É que a carne aspira à inimizade com Deus, uma vez que não se submete à lei de Deus; aliás nem sequer é capaz disso. Os que vivem sob o domínio da carne são incapazes de agradar a Deus [...]. Portanto, irmãos, somos devedores, mas não à carne, para vivermos de acordo com a carne. É que, se viverdes de acordo com a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito fizerdes morrer as obras do corpo, vivereis". (Rm 8, 5-13).
Não devemos admirar-nos se para ilustrar a tarefa descrita por São Paulo, Basílio tenha usado uma imagem de Plotino. Ela está na origem de uma das metáforas mais universais da vida espiritual e hoje fala a nós o mesmo que aos cristãos daquela época:
"Vamos, retornes a ti mesmo e olhes; e se ainda não te ves bonito, imita o autor de uma estátua que tem que conseguir a sua beleza: em parte bate com o cinzel, em parte aplaina; aqui engrossa, ali afina, até quando tenha conseguido expressar um belo rosto na estátua. Igualmente também tu tires o supérfluo, endireita o que está torto, e, por força de purificar o que é escuro, faça que se torne brilhante e não deixe de atormentar a tua estátua até que o divino esplendor da virtude não brilhe diante de ti" [(Plotino, Enneadi I, 9 (trad. ital. di V. Cilento, vol. I,  Laterza, Bari 1973, p. 108, tradução portuguesa nossa].
Se a escultura, como dizia Leonardo da Vinci, é a arte de remover, tem razão o filósofo quando compara a purificação e a santidade com a escultura. Para o cristão não se trata porém de alcançar uma beleza abstrata, de construir uma bonita estátua, mas de trazer à luz e tornar mais brilhante a imagem de Deus que o pecado tende constantemente a cobrir.
Conta-se que um dia Miquelângelo, passeando em um pátio de Florênça, viu um bloco de mármore bruto coberto de poeira e lama. Parou de repente para contemplá-lo, depois, como iluminado por um súbito clarão, disse aos presentes: "Nesta massa de pedra está escondido um anjo; quero tirá-lo daí!" E começou a trabalhar com um cinzel para moldar o anjo que havia vislumbrado. Assim é também conosco. Somos ainda massa de pedra bruta, tendo acima muita “terra” e muitos pedaços inúteis. Deus Pai nos olha e diz: “Neste pedaço de pedra se esconde a imagem do meu Filho; quero tirá-la daí, para que brilhe eternamente do meu lado no céu!” E para fazer isso usa o cinzel da cruz, nos poda (cf. Jo 15,2)
Os mais generosos, não só suportam os golpes do cinzel que vêm de fora, mas também colaboram, o quanto lhes seja concedido, impondo-se pequenos, ou grandes, mortificações voluntárias e quebrando a vontade velha deles. Dizia um padre do deserto: "Se queremos ser completamente livres, aprendamos a quebrar a nossa vontade, e assim, aos poucos, com a ajuda de Deus, avançaremos e chegaremos à plena liberação das paixões. É possível quebrar dez vez a própria vontade em brevíssimo tempo e lhes digo como. Você está passeando e vê algo; o seu pensamento lhe diz: ‘Olha lá’, mas ele responde ao seu pensamento: ‘Não, não olho!’, e quebra a sua vontade” (Doroteo di Gaza, Insegnamenti 1,20 (SCh 92, p. 177).
Este antigo Padre tem outros exemplos tirados da vida monástica. Se está falando mal de alguém, talvez do superior; o teu homem velho diz: “Participes também tu; diga aquilo que sabes. Mas tu respondes: “Não”. E mortificas o homem velho... Mas não é difícil alongar a lista com outros atos de renúncia, próprios do estado ao qual se vive e do trabalho que se faz.
Enquanto se vive favorecendo os desejos da carne nós nos parecemos aos dois famosos “Bronzes de Riace”, quando foram encontrados no fundo do mar, todo cobertos de crustáceos e quase irreconhecíveis como figuras humanas. Se também nós queremos brilhar, como estas duas obras-primas após a sua restauração, a Quaresma é o momento oportuno para colocar mãos à obra.

5. Uma mortificação "espiritual"
Existe um ponto em que a transformação do ideal de Plotino em ideal cristão permaneceu incompleta, ou pelo menos pouco explícita. São Paulo, ouvimos, diz: "Se pelo Espírito mortificardes os feitos do corpo, vivereis." O Espírito não é, portanto, só o fruto da mortificação, mas também o que a torna possível; não está só no final do caminho, mas também no início. Os apóstolos não receberam o Espírito em Pentecostes porque se tornaram fervorosos; tornaram-se fervorosos porque receberam o Espírito.
Os três Padres Capadócios, eram basicamente ascetas e monges; Basílio, em particular, com as suas Regras monásticas (Asceticon!), foi o fundador do monaquismo cenobítico. Isso os levou a destacar fortemente a importância do esforço humano. O irmão e discípulo de Basílio, Gregório de Nissa, vai escrever nesta linha: "Na medida em que desenvolvas tuas lutas pela piedade, nesta mesma medida se desenvolve também a grandeza da alma por meio destas lutas e destes esforços”[(Gregório Nisseno, De instituto christiano (ed. W. Jaeger, Two Rediscovered Works, Leida 1954, p.46)].
Na geração seguinte, esta visão da ascese será retomada e desenvolvida por autores espirituais, como João Cassiano, mas separada da sólida base teológica que tinha em Basílio e em Gregório de Nissa. "É a partir deste ponto – nota Bouyer – que o pelagianismo, colocando o esforço humano antes da graça, terá o seu início"( L. Bouyer, La spiritualità dei Padri, Edizioni Dehoniane, Bologna 1968, p. 295.) Mas este resultado negativo dificilmente pode ser atribuído a Basílio e aos Capadócios.
Voltemos para concluir o motivo que faz com que a doutrina de Basílio sobre o Espírito Santo seja perenemente válida e hoje, dizia, mais do que nunca atual e necessária:  a sua praticidade e adesão à vida da Igreja. Nós latinos temos um caminho privilegiado para fazer nossa e transformar em oração este mesmo tipo de pneumatologia: o hino do Veni Creator.
Ele é do início ao fim uma contemplação orante daquilo que o Espírito concretamente faz: em toda a terra e na humanidade como Espírito Criador; na Igreja, como Espírito de santificação (dom de Deus, água viva, fogo, amor e unção espiritual) e como Espírito carismático (multiforme nos seus dons, dedo da mão direita de Deus, que coloca sobre os lábios a palavra); na vida individual do fiél, como luz para a mente, amor para o coração, cura para o corpo; como nosso aliado na luta contra o mal e guia no discernimento do bem.

Invoquemo-Lo com as palavras da primeira estrofe, pedindo-lhe para fazer passar também o nosso mundo e a nossa alma do caos para o cosmos, da dispersão para a unidade, da feiúra do pecado para a beleza da graça.

Veni, Creator Spiritus, Ó vinde Espírito criador;
Mentes tuorum visita, visita os teus fiéis no profundo,
Imple superna gratia, derrama a plenitude da graça,
Quae tu creasti pectora, corações que tu criastes somente para ti


[Tradução Thácio Siqueira]


sexta-feira, 23 de março de 2012

Especial Agradecimento


Aos Fiéis Leitores deste Blog de Cavalaria, gostaria de manifestar de forma pública meus especiais agradecimentos a um dos maiores Lazaristas de nossa época. Trata-se do Dr. José María Montells y Galán, VISCONDE DE PORTADEI.


Dr. José María Montells, Visconde de Portadei,
Juiz de Arnas da Ordem de São Lázaro no Reino da Espanha

O caro amigo Visconde de Portadei é Juiz de Armas do Grão Priorado da Espanha da Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém, e como já dito neste Blog por tantas vezes, é a maior autoridade heráldica em se tratando da Ordem de São Lázaro em todo o mundo.

Dr. José María em um ato de grande generosidade enviou-nos por e-mail alguns belos exemplares dos Brasões utilizados pelos Grão Mestres da Casa de Bourbon-Sevilha. Tais Brasões, que aqui serão postados, podem também ser vistos no página Grande Magistério.


Brasão dos Grão Mestres Francisco IV e Francisco V


Brasão do Grão Mestre Francisco VI

Com este grande Cavaleiro Lazarista podemos aprender grande valores, como a generosidade, e a humildade, ambos muito propícios a todos nós que, batalhamos por um mundo melhor, abaixo da Bandeira da Ordem de São Lázaro.

Por tudo, muito obrigado caro Amigo Visconde de Portadei.

terça-feira, 20 de março de 2012

Campanha contra o aborto

A ORDEM MILITAR E HOSPITALAR DE SÃO LÁZARO DE JERUSALÉM
APÓIA ESTA CAUSA!
CPI  da VERDADE  sobre o  ABORTO, JÁ


PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO PÚBLICA 
CONTRA O ABORTO

DATA:   21.03.2012 
HORÁRIO DO INÍCIO: 12:30 horas
CONCENTRAÇÃO:  a partir das 11:00 h, na escadaria da CATEDRAL DA SÉ - SÃO PAULO
LOCAL da MANIFESTAÇÃO: em frente ao FORUM JOÃO MENDES, na Praça João Mendes, Centro, São Paulo
CAMISETAS: haverá distribuição de camisetas para os primeiros 500 participantes (dependendo da numeração)
LEVAR : APITOS, FAIXAS E CARTAZES:  ABORTO NUNCA MAIS - CPI DO ABORTO, JÁ - ABORTO NÃO - os grupos podem imprimir suas próprias camisetas


Quem não puder comparecer, pode se manifestar no dia por outras formas: 

"TWITTAÇO":  dia 21.03.2012  - a partir das 13h  - #abortonuncamais - @SenadoresBrasil - @CamaraDeputados - @AssembleiaSP
FACEBOOK E OUTRAS FORMAS DE SE MANIFESTAR
EMAILS :  dia 21.03.2012, a partir das 10:00 - enviar emails para a Câmara Federal e Senado (os nomes e emails dos parlamentares podem ser retirados nos portais da Câmara e do Senado)

TELEFONE:  telefonar a partir das 13:00 - Câmara - 0800.619.619 / Senado - (61) 3303-1211 

 

Convocamos as crianças, os jovens, os adultos, os idosos, os CRISTÃOS, de todas as denominações,  os NÃO-CRISTÃOS, todos DEFENSORES DA VIDA para, no dia 21.03.2012, comparecerem e  participarem da MANIFESTAÇÃO – CPI DA VERDADE SOBRE O ABORTO, JÁ! 



Dom Luiz Bergonzini
Bispo Emérito de Guarulhos
Jornalista MTb 123
http://www.domluizbergonzini.com.br/

segunda-feira, 19 de março de 2012

Funções no Grão Priorado I Parte


Aos Fiéis Leitores do Blog de Cavalaria um muito Bom Dia! Com o aproximar do dia 31 de março, dia de São Lázaro de Betânia, segundo o Calendário Ortodoxo da Santa Igreja Católica, dia em que será realizado na Catedral Greco Melquita Nossa Senhora do Paraíso, a Investidura Anual da Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém, pelo Grão Priorado do Brasil, irei postar algumas matérias, explicando quais são os principais Cargos do Conselho Nacional deste Grão Priorado, suas funções e características. Vamos a eles:


Grão Prior

O Grão Prior é o Chefe da Jurisdição, e será a Cabeça do Grão Priorado. Deve participar de todas as Investiduras e Cerimônias Importantes do Grão Priorado. O Grão Prior será automaticamente Membro de todas as Comissões internas do Grão Priorado do Brasil. No âmbito internacional da Ordem o Grão Prior do Brasil terá sempre a função de Representante Máximo desta Jurisdição. Deve obediência direta ao Príncipe Grão Mestre da Ordem, sendo que o representa no Grão Priorado do Brasil.
O Grão Prior pode delegar suas funções como melhor lhe prouver, para qualquer membro do Conselho Nacional. Deve ser sempre nomeado diretamente pelo Príncipe Grão Mestre.

Prior

Garantirá a direção geral da Ordem no Brasil. Na falta do Grão Prior, ou se por ele delegado, atuará como Presidente das Reuniões do Conselho Nacional e do Capítulo Nacional do Grão Priorado do Brasil. Deverá atuar cotidianamente junto ao Chanceler e ao Conselho Nacional para garantir o bom funcionamento da Ordem no Brasil.
Deve estar presente em todas as Investiduras ou Cerimônias da Ordem, e delas será o Oficial Superior, na falta do Grão Prior, ou se por ele delegado. Do mesmo modo, será capaz de exercer todas as funções cabíveis ao Grão Prior, como nomear o Chanceler e o Capitular, isto também na falta do Grão Prior, ou se por ele delegado.
Será automaticamente membro de todas as Comissões ou Reuniões da Ordem no Grão Priorado do Brasil. Deve ser nomeado pelo Grão Prior.

Chanceler

O Chanceler deve supervisionar a Administração Nacional da Ordem no Brasil, sendo que age como Supervisor no Capítulo Nacional do Grão Priorado, e no Conselho Nacional. Deve implementar no Brasil as políticas e decretos expedidos pelo Grão Magistério da Ordem, manter relações com  o Grande Secretariado Geral da Ordem, e com as Comendadorias do País.
O Chanceler é o responsável pelo funcionamento cotidiano da Ordem. Cabe a ele convocar as reuniões do Conselho Nacional, atuar no meio social para aumentar o bom nome da Ordem no Brasil. Pode ser delegado pelo Grão Prior para agir em seu nome em Cerimônias ou Reuniões. Deve ser nomeado pelo Grão Prior.

Capitular

Caberá ao Capitular, também chamado de Referendário, a observância das normas Constitucionais da Ordem. Deve garantir que no Grão Priorado do Brasil as Leis e Costumes da Ordem estejam sendo observados, tanto em nível nacional, como pelas Comendadorias Brasileiras.
Cabe ao Capitular dirigir as Eleições internas no Grão Priorado. É nomeado pelo Grão Prior.



sexta-feira, 16 de março de 2012

Comendadorias Hereditárias


Como todos os Fiéis Leitores deste Blog de Cavalaria já sabem, a nossa Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém é dividida em uma série de jurisdições territoriais, que podem ser tanto nacionais como locais. Desta forma podem conviver em perfeita harmonia, tanto grandes jurisdições, como os Grão Priorados, que abrangem um país inteiro, como uma Comenda, que pode abranger apenas uma pequena cidade.

Uma das mais curiosas Circunscrições administrativas da Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém é justamente a que abrange as chamadas Comendadorias Hereditária, que serão o ponto de nossa leitura de hoje.


As Comendadorias Hereditárias foram formadas a muitos anos atras, e tornaram-se mais comuns no século XVIII, quando para previnir que a Ordem de São Lázaro pudesse ser extinta, foram criadas numerosas Comendadorias Hereditárias pelos Grão Mestres da Ordem, abaixo de uma instrução dos Reis da França.

Uma Comendadoria Hereditária em tudo lembra um Priorado, exceto pelo tamanho e pela abrangência, e é claro, o ponto que mais diferencia é o da forma de Sucessão. A forma de Sucessão operante na Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém, é, como todos sabem, o da Eleição, e esta forma é mantida dês da Eleição do Bem-Aventurado Blessed de Gerard, como I Grão Mestre no século XII.


Comendador Hereditário de Wallendof Investindo um Cavaleiro em Maastrich

A Forma de Secessão em uma Comendadoria Hereditária, ao contrário, é a própria Sucessão Hereditária, ou seja, após ser concedida uma Comendadoria para o Chefe de uma Família (quase sempre membro da Nobreza), a Chefia da Comendadoria passará após sua morte a seu filho homem mais velho, e assim sucessivamente até o fim dos tempos. Caso um Comendador Hereditário não tenha filhos, outro parente seu deverá assumir a Comendadoria de maneira também Hereditária.

O mais comum é que uma Comendadoria Hereditária possua como jurisdição uma pequena Cidade, uma Vila ou Aldeia, mas também é possível que sua abrangência seja reduzida a apenas um prédio, como um Castelo, Palácio ou Igreja.


Brasão da Comendadoria Hereditária de Wallendorf

Recomendo hoje a leitura do site da Comendadoria Hereditária de Wallendorf, na Alemanha. O link é este. 

terça-feira, 13 de março de 2012

Grandes Cavaleiros: Dr. Guilherme Guinle

Aos Fiéis Leitores deste Blog de Cavalaria, trago hoje a primeira de uma série de Postagens da Série Grandes Cavaleiros: Brasil. Esta série será dedicada aos Cavaleiros Brasileiros da Sacra Milícia, que por suas grandes obras e ações, tiveram seu nome inscrito no livro dos grandes feitos de nossa Pátria.

A Primeira matéria da série será dedicada ao Dr. Guilherme Guinle, Cavaleiro aceito no Grão Priorado do Brasil da Sacra Ordem Dinástica, Equestre, Militar e Hospitalar da Milícia de Jesus Cristo e de Santa Maria Gloriosa, sendo que recebeu o registro de número 14, do ano de 1936.

Dr. Guilherme Guinle, no ano de 1959, apenas um ano antes de seu falecimento
(Clique para ampliar)

Dr. Guilherme Guinle, nascido no Rio de Janeiro, em 1882, faleceu em Roma, em 1960. Sendo o segundo filho de Eduardo Pallasim Guinle, fundador da Companhia Docas de Santos, graduou-se em engenharia civil pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, em 1905. Fixou-se então na Bahia, onde se envolveu na construção de usinas hidrelétricas. De volta ao Rio de Janeiro, ele fundou o Banco Boavista.

Em 1918, Guinle se tornou presidente da Companhia Docas de Santos.

Palácio da Família Guinle na Praia de Botafogo, Rio de Janeiro.
Foto tirada em 1920 (Clique para ampliar).

Dedicado à filantropia, Guilherme Guinle fundou, em 1923, a Fundação Gaffrée Guinle, a fim de prestar assistência médica à população carente carioca. Em 1929, ele co-fundou o Hospital Gaffrée e Guinle, hoje o hospital universitário da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Durante a década de 1930, ele realizou investimentos na exploração de petróleo, cuja existência era, até então, discutida.

Nacionalista, Guilherme Guinle apoiou financeiramente a Aliança Nacional Libertadora (ANL), que visava ao combate ao Fascismo e ao Imperialismo.

Durante o Estado Novo, Guilherme Guinle ocupou o cargo de vice-presidente do Conselho Técnico de Economia e Finanças do Ministério da Fazenda, em que se manifestou contrário à participação de capital estrangeiro na exploração de minérios brasileiros e defendeu a criação de uma empresa estatal do setor siderúrgico.

Ainda no ano de 1936 foi Investido como Cavaleiro Grande Oficial da Sacra Milícia.

Em 1940, Getúlio Vargas nomeou-o presidente da Comissão Executiva do Plano Siderúrgico Nacional. Ele participou então das negociações do governo para obter empréstimos para a concretização de tal plano. Obtido o financiamento do Ex-Im Bank, no ano seguinte, criou-se a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), construída em Volta Redonda. Guinle foi presidente da CSN até 1945.

Após a queda de Vargas, ele ocupou por alguns dias a presidência do Banco do Brasil.

sábado, 10 de março de 2012

Armas dos Membros da Ordem X


Aos Fiéis Leitores deste Blog de Cavalaria, trago hoje mais uma pequena parcela das Armas dos Membros da Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém.


I Armas de Don Fernando Paolo de Alfaro y Góngora de Argote


II Armas de Dona Maria Rosa Rodrigo Martínez


III Armas de Don Luis Espejo y Valdelomar

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher

Hoje, dia 8 de março, comemoramos duas datas muito importantes no Brasil. A primeira (por ordem de antiguidade) é o dia da Chegada da Família Real ao Brasil, que para cá vieram em 08 de março de 1808. A segunda, e a que hoje nos deteremos, é o DIA INTERNACIONAL DA MULHER!

Para alguns, mais ligados aos conservadorismo e a Lei Sálica, deve parecer estranho o Blog de uma Ordem de Cavalaria, comemorando o Dia da Mulher, já que a esmagadora maioria de Membros das Ordens de Cavalaria são, e sempre serão homens, porém vale-se lembrar, que indiscutivelmente, todos esses homens somente estão hoje aqui, por que tiveram uma mãe, logo, ao homenagearmos essas mulheres-mães-amigas-esposas-companheiras, também estamos homenageando a todos os que estão à sua volta.

A caminhada histórico/social do Brasil sempre esteve ligada à vida de grandes Mulheres que, de uma forma ou de outra, contribuíram para o crescimento de nosso País. Se hoje, somos a 6a maior economia do Mundo (recentemente ultrapassamos o Reino Unido), é por que muitas mulheres também contribuíram para isso. Hoje, lembraremos algumas delas, nesta singela homenagem ao Dia Internacional da Mulher:

Ficheiro:Jcarvalho-dmariaI-mhn.jpg
Rainha Dona Maria I, do Brasil e Portugal

Foi com uma mulher, a Rainha Dona MARIA I, Rainha de Portugal, Brasil e Algarves, que iniciou nosso desenvolvimento cultural. Também foi em seu Reinado que, em 1808 a Casa Real de Bragança chegou à nossa Terra, permitindo a abertura de nossos portos, o desenvolvimento de nossas exportações, e o tão esperado intercâmbio cultural com as nações amigas.

Ficheiro:29- Imperatriz rainha D. Leopoldina.jpg
Dona Leopoldina de Habsburgo, Imperatriz do Brasil.

Foi com outra grande mulher que, em 1822 tivemos nossa Idependência, foi ela a Imperatriz Dona MARIA LEPOLDINA DE HABSBURGO, que em 02 de Setembro de 1822 assinou o Decreto de Independência que dissolveu o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Muitas vezes somente nos recordamos do ato heróico de seu marido, o Imperador Dom Pedro I, em 07 de setembro de 1822, porém devemos recordar que, o Imperador somente teve suporte para o famoso Grito do Ipiranga, por que a Imperatriz Consorte Dona Maria Leopoldina, já havia Proclamado a Independência cinco dias antes!

Ficheiro:Princesa Imperial Dona Isabel de Bragança.jpg
Dona Isabel I, A Redentora, Imperadora de Iuri do Brasil

Outra mulher de extraordinária competência, neta da antecedente, e bisneta da primeira, que levou o Brasil à Categoria de Nação livre da mão de obra escrava. Estou naturalmente falando da Princesa Imperial e Imperadora de Iuri do Brasil Dona ISABEL CRISTINA MARIA DE HABSBURGO BRAGANÇA E BOURBON, ou também conhecida como Dona Isabel I, a Redentora, Filha do Imperador Dom Pedro II, do Brasil. Foi ela que em 13 de maio de 1888, assinou a famosa Lei Áurea (Lei 3.350), pela qual foram libertados todos os escravos que existiam no Império do Brasil. Esse seu ato de enorme generosidade lhe custou a perda da Coroa em mãos republicanas, que não aceitavam o fim da escravidão e a idéia de serem governados por uma Mulher. Seu exemplo de Caráter, Amor e Dedicação à nosso País, sempre será lembrado.

Ficheiro:Dilma Rousseff - foto oficial 2011-01-09.jpg
Dona Dilma Rousseff, 36a Presidente da R. F. do Brasil

Termino esta minha homenagem, lembrando também Dona Dilma Rousseff, 36a Presidente da República Federativa do Brasil, que está trabalhando em prol do desenvolvimento de nosso país. Homenageando a Presidente Dilma, esta Mineira de Coração Gaúcho, prestamos homenagem a todas as Mulheres do Brasil, e de todos os países, especialmente as que trabalham em prol da Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém, no Brasil e no Mundo.

FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MULHER! 

quarta-feira, 7 de março de 2012

Arquiduque Otto de Habsburgo: Realeza e a Ordem de São Lázaro

Aos Fiéis Leitores deste Blog de Cavalaria, venho hoje trazer uma matéria que tem por objetivo o de memorar grandes nomes de Cavaleiros Lazaristas do século XXI. Tratam-se dos Membros da Realeza, que foram com muito orgulho, CAVALEIROS DA ORDEM MILITAR E HOSPITALAR DE SÃO LÁZARO DE JERUSALÉM.

Ficheiro:Otto Habsburg 001.jpg
Otto de Habsburgo, Arquiduque da Áustria

No dia de hoje, trago a memória de todos a história de Sua Alteza Imperial e Real o Arquiduque Otto de Habsburgo, Cavaleiro da Grã Cruz de Justiça da Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém.

ARQUIDUQUE OTTO DE HABSBURGO, Chefe da Casa Imperial do Sacrossanto Império Romano Germânico, Chefe da Casa Imperial da Áustria, Soberano da Imperial Ordem do Tosão de Ouro, Príncipe Real da Hungria, da Boêmia, Dalmácia, Croácia, Eslovênia e Galícia, Lodomeria e Ilíria; Arquiduque da Áustria, Grão Duque da Toscana e Cracóvia, Duque de Lorena e Salzburgo, de Estiria, Caríntia, Carniola e Bucovina; Grão Príncipe da Transilvânia; Margrave da Morávia; Duque da Alta e da Baixa Silésia, de Módena, Parma, Piacenza e Guastalla, de Auschwitz e Zator, de Teschen, Friuli, Ragusa e Zara; conde de Habsburgo e Tirol, de Kyburg, Gorízia e Gradisca; Príncipe de Trento e Brixen; Margrave da Alta e da Baixa Lusacia e da Ístria; Conde de Hohenems, Feldkirch, Bregenz, Sonnenberg, etc...; Senhor de Trieste, de Cattaro, e de Marca Wendia; Grão Voivoda da Sérvia, etc.
Ficheiro:Wappen Kaisertum Österreich 1867 (Mittel).png
Brasão d'Armas da Casa Imperial e Real de Habsburgo

Filho do falecido Imperador Bem-Aventurado Carlos I, da Áustria, nasceu em 20 de Novembro de 1912. Foi o último Príncipe Herdeiro da Áustria-Hungria. Foi um dos mais notáveis Cavaleiros Lazaristas, sendo agraciado com o grau de Cavaleiro da Grã-Cruz de Justiça. O Arquiduque Otto faleceu em 04 de julho de 2011.


Ao nascer Foi batizado Francisco José Otto Roberto Maria Antônio Carlos Max Henrique Sexto Xavier Félix Renato Luís Caetano Pio Inácio da Áustria (em alemão, Franz Joseph Otto Robert Maria Anton Karl Max Heinrich Sixtus Xaver Felix Renatus Ludwig Gaetan Pius Ignatius von Österreich).

Sua Alteza Imperial e Real o Arquiduque Otto morava na Baviera, Alemanha, e tinha nacionalidades alemã, austríaca, húngara e croata. Apesar de seu nome oficial ser Otto de Habsburgo, as autoridades austríacas se referiam a ele como Otto de Habsburgo-Lorena (Habsburg-Lothringen em alemão). Ele às vezes era chamado de Arquiduque Otto da Áustria, Príncipe-Herdeiro Otto da Áustria e, na Hungria, simplesmente como Habsburg Ottó. Era também um pretendente em potencial ao título de Rei de Jerusalém.

Otto nasceu perto de Viena, em Reichenau an der Rax, na Baixa Áustria. Em novembro de 1916, o Arquiduque Otto tornou-se o príncipe-herdeiro do Império Austro-Húngaro quando seu pai, o arquiduque Carlos, ascendeu ao trono como o Imperador Carlos I da Áustria (Carlos IV do Sacro Império). Entretanto, em 1918, no final da Primeira Guerra Mundial, ambas as monarquias foram abolidas e substituídas pelas repúblicas da Áustria e da Hungria. A Família Imperial foi forçada ao exílio, apesar de Carlos nunca ter abdicado do trono. Note-se que a Hungria voltou a ser uma Monarquia, mas Carlos foi impedido de reinar. Em seu lugar, o Trono foi mantido vago e criou-se uma regência permanente sob o almirante Miklós Horthy, até 1944.

Anos de exílio
O parlamento austríaco oficialmente expulsou a dinastia Habsburgo e confiscou todas as propriedades da Coroa Imperial pelo ato Habsburgergesetz, de 3 de abril de 1919.

A família do Arquiduque Otto passou os anos seguintes na Suíça e, mais tarde, mudou-se para a Ilha da Madeira, onde o Imperador Carlos I veio a falecer prematuramente, em 1922. Aos dez anos de idade, Otto passou a ser o pretendente ao Trono.
Em 1935, Otto graduou-se em Ciência Política e Ciências Sociais pela Universidade Católica de Leuven.

Em 1940, Otto é uma das dezenas de milhares de pessoas a quem o cônsul português Aristides de Sousa Mendes concede o visto de saída da França, no momento da invasão nazista.

Vida em família
Desde 1951 (em Nancy) até 2010, Otto foi casado com a princesa Regina de Saxe-Meiningen, filha de Sua Alteza Sereníssima Jorge III, Duque de Saxe-Meiningen. O casal teve sete filhos e 22 netos:

 1 Arquiduquesa Andrea da Áustria-Hungria (1953). Casada com o Conde Carlos Eugênio de Neipperg. Têm três varões e duas filhas.

2 Arquiduquesa Mônica da Áustria-Hungria (1954). Casada com Luís Gonzaga de Casanova-Cárdenas y Barón, Duque de Santangelo, Marquês de Elche, Conde de Lodosa e Grande de Espanha, descendente da Infanta Dona Luísa Teresa de Espanha, Duquesa de Sessa e irmã de Francisco de Assis, Rei-Consorte da Espanha. Têm quatro varões.

3 Arquiduquesa Micaela da Áustria-Hungria (1954). Irmã gêmea de Mônica. Casou-se primeiro com Eric Teran d'Antin, e depois com o Conde Huberto de Kageneck. Ela tem dois varões e uma filha do primeiro casamento. Divorciada duas vezes.

4 Arquiduquesa Gabriela da Áustria-Hungria (1956). Casou-se com Christian Meister em 1978, divorciou-se em 1997. Tem um varão e duas filhas.

5 Arquiduquesa Walburga da Áustria-Hungria (1958). Casada com o Conde Arquibaldo Douglas, da realeza sueca. Têm um varão.

6 Arquiduque Carlos da Áustria-Hungria (nascido em 11 de janeiro, de 1961), herdeiro presuntivo da chefia da Casa de Habsburgo, casado com a Baronesa Francisca Thyssen-Bornemisza (filha do Barão João Henrique Thyssen-Bornemisza) desde 1993. Têm três filhos e vivem atualmente em Salzburgo, na Áustria.

I Eleonora (1994-)
II Fernando Zvonimir (1997-)
III Glória (1999-)

7 Arquiduque Jorge da Áustria-Hungria (1964). Casado com a Duquesa Eilika de Oldenburgo. Têm duas filhas e um varão.

I Sofia ou Zsófia (2001-)
II Ildikó (2002-)
III Carlos Constantino ou Károly-Konstantin (2004-)

Ficheiro:Lying in repose Otto von Habsburg Capuchin Church Vienna 3921.jpg
Caixões do Arquiduque Otto da Áustria e da Arquiduquesa Regina de Bourbon-Parma
na Cripta Imperial de Viena
 Morte
O Arquiduque Otto morreu em Pöcking, em 4 de julho de 2011, aos 98 anos de idade. Seu corpo foi sepultado na Cripta Imperial de Viena juntamente com sua esposa, que teve seus restos trasladados do Veste Heldburg. Segundo antigo costume, Seu coração foi enviado para a Abadia Beneditina de Pannonhalma, na Hungria.